O que caracteriza a evolução social é a reflexão.
Nossa sociedade baseia-se de forma julgadora e criadora de pré conceitos sociais, determinados pela forma de conduta familiar, de grupos sociais , grupos de referência e até mesmo veículos e meios de comunicação. Ou seja, o que vivemos hoje, pensamos e como agimos, são padrões estipulados por esta sociedade que antes de tudo molda, aponta, julga, mas não educa. A educação citada não é a educação escolar, ou educação familiar, mas sim uma educação que busca a melhoria social de todos, sem discriminação de cor, sexo, origem, renda, aparência ou qualquer característica física e/ou estereótipos impostos por conceitos pré determinados pelo conhecimento empírico de determinado grupo sobre um outro grupo distinto. Percebemos o desleixo geral tanto dos veículos de comunicação, quanto de governantes, professores, pais, sobre como fazer para resolver diversos problemas sociais existentes, sobretudo em nosso país. Estes são problemas histórico, que vem se agravando a cada dia, a cada hora, a cada minuto.
Por exemplo : um garoto que não tem uma base familiar sólida, que vive cheios de conflitos sociais, familiares e que conseqüentemente não recebe uma boa influência para formar seu caráter ou seu posicionamento sobre a vida, não poderá responder sozinhos pelos seus futuros atos. Não que ele seja inocente de todo e qualquer ato futuro, mas que a culpa deveria ser empregada a todos aqueles que possuem maneiras de mudar, formar e ajudar a quem precisa, mas nada fazem. Veja bem : Os pais deste garoto não receberam uma boa educação e vivem na sombra da lei, com atos ruins, como estes pais poderão formar um caráter digno e social ao garoto? logo vem o questionamento : 'Como educar se eu não sou educado?' Se estes pais não receberam 'treinamentos para a vida' de seus pais ou até mesma da sociedade, como poderão educar este garoto? Ou seja, o problema deveria ser pensado, repensado e abordado em todas as vertentes que formam, geram ou propagam algum tipo de pensamento. Como os meios de comunicação, as escolas e os projetos sociais. O Mais importante para diminuir os problemas da sociedade é justamente a reflexão social.
A Televisão, um veículo de comunicação em massa, faz muito pouco para mostrar os diversos problemas que temos e quase nunca indaga a reflexão. Algumas telenovelas abordam temas emergentes da sociedade, mas não geram a reflexão, a novela acaba, e ninguém mais lembra da abordagem, pois, a trama é muito mais forte do que o problema em si. Deveriam existir vários programas educativos, não apenas voltados para a educação escolar, mas para a educação moral, forma de conduta, de como ser um cidadão. Não é um dever legislativo da TV abordar temas assim, mas um dever moral.
Na escola, crianças, jovens passam anos e anos aprendendo sobre várias coisas, mas não gastam 10 minutos exercitando a reflexão social de melhoria contínua da sociedade, é óbvio que existem modelos educacionais que integram conceitos educacionais com filosofia social. Existe um filme, baseado em fatos reais que retrata bem o que foi escrito até agora. O filme " Escritores da Liberdade" , o filme retrata uma sala de aula com uma diversidade incrível de vários seguimentos, seja na forma de criação quanto no aspecto físico. Haviam brancos, negros, em uma época onde o racismo imperava nos EUA, e todos os jovens tinham conflitos sociais, agregados pela falta da base familiar e pela influência de grupos de referência, seja na música, no esporte ou apenas no sentimento de pertencer. Vários jovens viam seus pais na marginalização, no crime, nas drogas, e estes jovens acabavam indo para o mal caminho também, outros não tinham mais pais, e que também acabavam seguindo caminho do crime. Até que uma professora novata recebe a difícil missão de não se limitar apenas a dar aula, mas sim a ser uma educadora. Ela procura entender cada um de maneira única para poder agir de forma eficaz. O método da jovem professora consistiu em entregar para cada aluno um caderno para que escrevessem, diariamente, sobre aspectos de suas próprias vidas, desde conflitos internos até problemas familiares e sociais. Também, instigou-os a ler livros como "O Diário de Anne Frank" com o propósito de despertar alguma identificação e empatia, ainda que os personagens vivam em épocas diferentes; a partir de eventuais encontros imaginários cada aluno poderia desenvolver uma atitude especial de tolerância para com o “outro”. Com isso ela aprende sobre cada um e consegue focar estratégias para ajuda-los. Ensina poesia atráves do Hip Hop, usa livros cuja linguagem aproxima o tipo de vida dos alunos com a mensagem a ser passada. Com isso ela consegue gerar a reflexão sociais sobre os problemas psico-sócio-culturais. Deveria haver um estilo pedagógico voltado para o ensaísmo apaixonado, romântico, humanista, mas sem perder de vista a racionalidade do propósito educativo. Desenvolver os alunos para o reconhecimento com um pensamento crítico, fazendo-os reconhecer, sentir e pensar sobre a realidade criada por eles próprios. Não aceitar na condição de vítimas reativas, e cobra-lhes responsabilidade por suas escolhas e seus atos de exclusão para com os diferentes. Ou seja, uma ação pedagógica que desperta a motivação dos alunos para expressar seus sentimentos, ler, pensar, escrever, e mudar a partir do reconhecimento como sujeito-de-sua-história. No final, todos os alunos conseguem se formar, chocando todos aqueles que não acreditavam nos jovens.
Portanto, a forma como são mostrados os problemas da sociedade não gera a reflexão como de fato deveria ser. A família, os meios de comunicação e a escola deveriam caminhar junto para gradativamente galgar a melhoria social de todos. Hoje fica explícito que existe uma incapacidade de a escola levar os alunos para pensar e a perda da autoridade dos pais e professores . E com não visa transformar alunos “não-pensantes”, “incivilizados”, “não-humanizados”, em seres humanos que podem exercitar o pensamento crítico sobre a realidade e seus atos.
Uma educação que não exercita o ato de pensar, com todos os seus riscos, além da própria ausência de pensamento, tem como efeito o não comprometimento, o não tomar decisões, ou não se responsabilizar por elas. “A tarefa fundamental do pensar é descongelar as definições que vão sendo produzidas, inclusive pelo conhecimento e pela compreensão e que vão sendo cristalizados na história. A tarefa do pensar é abrir o que os conceitos sintetizam, é permitir que aquilo que ficou preso nos limites da sua própria definição seja liberado. É livrar o sentido e o significado dos acontecimentos e das coisas da camisa-de-força dos conceitos”
Os meios de comunicação e as escolas deveriam justamente apresentar o mundo às gerações do presente, tentando fazê-las conscientes de que comparecem a um mundo que é o lar comum de múltiplas gerações humanas. Ao conscientizá-los do mundo a que vieram, estas deverão compreender a importância de sua relação e ligação com as outras gerações, passadas e vindouras. Tal relação se dará, primeiro, no sentido de preservar o tesouro das gerações passadas, isto é, no sentido de a geração do presente tomar o cuidado de trazer a esse mundo sua novidade sem que isso implique a alteração, até o irreconhecimento, do próprio mundo, da construção coletiva do passado.
O ensino regular visa levar os alunos aprenderem os conteúdos programados pelos currículos. Contudo, não se pode ensinar sem incluir também uma mudança educativa. Um ensino sem educação para o pensar é vazio de sentido prático e existencial. Uma educação sem aprendizagem dos conteúdos também é vazia e tende a degenerar em retórica moral e emocional. Ensinar e educar implicam em responsabilidades: pedagógica, política e moral, dentro e fora da escola; implica, ainda, na responsabilidade do coletivo do professorado de civilizar a nova geração que irá povoar o mundo.
" Rander Ariel"
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